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Doenças Autoimunes: Um Olhar Profundo

Neste texto vamos lancar um olhar mais profundo sobre as doenças autoimunes.

Compreendendo o Conceito de Doenças Autoimunes As doenças autoimunes são condições nas quais o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo contra invasores prejudiciais, começa a funcionar de maneira inapropriada. Nesse processo, ele passa a atacar as próprias células e tecidos do organismo. Considerava-se que essas doenças apresentavam uma determinação genética, o que significa que seriam exclusivamente hereditárias e ocorreriam devido a fatores relacionados à alterações na formação de proteínas encontradas nas membranas celulares ou dentro das células. A partir dessas alterações protéicas, o sistema imunológico reconhece erroneamente essas proteínas como substâncias estranhas, resultando em um processo inflamatório característico que leva às lesões observadas nas doenças autoimunes.

Hoje em dia, o estilo de vida moderno, a alimentação e outros comportamentos podem levar o organismo a produzir proteinas estranhas ou desenvolver fatores químicos que alteram as proeínas docporais de modo que o sistema imune deixa de reconhecê-las a passa a atacar - com um processo inflamatório - as estruturas corporais onde elas estão situadas. Como o organismo funciona sistemicamente, é possível imaginar que todo o organismo pode ser afetado por essa inflamação levando às diferentes variedades de doenças autoimunes.


Variedade de Doenças Autoimunes Existem várias doenças autoimunes bem conhecidas, cada uma afetando órgãos específicos. Entre as mais notórias estão o Lúpus Eritematoso Sistêmico, a Artrite Reumatoide, a Esclerose Múltipla, a Síndrome de Sjögren e a Miosite Autoimune, entre outras. Cada uma delas é caracterizada por impactar diferentes órgãos, como glândulas endócrinas, articulações, músculos, pele, tecido conjuntivo, células vermelhas do sangue ou vasos sanguíneos. A ciência identificou as proteínas consideradas estranhas, os autoanticorpos envolvidos e os padrões de doenças específicos que permitem o diagnóstico definitivo. Apesar das diferenças, muitas dessas doenças compartilham sintomas gerais e inespecíficos, como fadiga, febre e mal-estar.


Novas doenças autoimunes intrigam os cientistas

A lista das doenças autoimunes que já é bem extensa vem aumentando nos últimos anos, dado que ocorre um aumento do adoecimento da população aliado a novas descobertas de proteínas agressoras e fatores inflamatórios envolvidos na estimulação do sistema imunológico. Nesse quadro evolutivo do adoecimento populacional, enfermidade similares a doenças auto-imunes aparecem cada vez, com grande dificuldade diagnóstica. Nessas enfermidades, apesar dos sintomas inflamatórios em órgãos acometidos pelas doenças autoimunes clássicas não estão presentes os marcadores sorológicos (colagenoses) ou bioquímicos e hematológicos específicos da doença auto-imune correlacionada. A única semelhança entre elas é o fato de terem uma origem autoimune. Seus sinais e sintomas levam as pessoas à procura de diferentes especialidades médicas para seu tratamento: endocrinologista, reumatologista e dermatologista.


O diagnóstico laboratorial desses distúrbios inespecíficos autoimunes é habitualmente feito baseado no quadro clínico e na procura de auto-anticorpos no sangue. O auto-anticorpo mais comum é o FAN (fator anti-nuclear) que evidencia que os núcleos das células estão sendo atacados por algo ainda a ser esclarecido.


Muitas pessoas desenvolvem distúrbios autoimunes lentamente, como a síndrome do intestino irritável, sem sequer perceber que algo está errado. E o caminho para um diagnóstico pode ser longo e frustrante. Na verdade, pode levar cerca de cinco anos para receber um “diagnóstico oficial autoimune, isso porque os sintomas iniciais destas doenças são díspares e vagos. Assim, a área de reumatologia tende a incluir tais enfermidades na alcunha de “doença reumática não sorológica” ou sob o nome de doença indiferenciada do colágeno” e “doença mista do tecido conjuntivo”, e a tratá-las com os mesmos medicamentos imunosupressores e corticóides usados nas doenças auto-imunes. O que é preocupante, pois é já evidente que esses mesmos medicamentos, que devem ser utilizados em último caso, têm efeitos adversos que também levam às doenças crônicas não transmissíveis.

A Progressão das Doenças Autoimunes Essas condições afetam um grande número de pessoas, especialmente mulheres, que compõem cerca de 75% dos casos. As doenças autoimunes se desenvolvem quando o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo, começa a atacar suas próprias células, considerando-as como intrusas. Diversos fatores agressores desencadeiam essa reação, incluindo estresse mental, dieta rica em açúcares e carboidratos, exposição a alimentos inadequados, esforço físico excessivo, produtos químicos tóxicos, hormônios e infecções virais. Esses fatores agressores provocam principalmente duas reações de defesa:

  1. Aumento da atividade de algumas glândulas, como o pâncreas, as glândulas adrenais e a tireoide, na tentativa de restaurar o funcionamento adequado e o equilíbrio do sistema vital.

  2. Produção de citocinas inflamatórias e anti-inflamatórias, resultando em um estado inflamatório inespecífico. Esse estado tem como objetivos principais reparar e cicatrizar os tecidos agredidos, eliminar células defeituosas, interromper o avanço da agressão e remover os supostos invasores.

Reações do Organismo a Agressores O organismo possui um sistema inteligente de preservação da vida, mas não consegue distinguir o tipo de agressão. Responde de maneira primitiva e inespecífica, independentemente da causa da agressão. O sistema nervoso autônomo é estimulado, visando regular as funções vitais e preparar o organismo para a luta ou fuga, proporcionando condições para resistir às agressões e recuperar o equilíbrio. Nesse processo, o fornecimento de sangue e energia (glicose) é redirecionado para o cérebro e os órgãos vitais, como o sistema respiratório, o coração e os músculos esqueléticos necessários para a luta ou fuga. Simultaneamente, o sistema imunológico é ativado para evitar hemorragias, eliminar bactérias, reparar tecidos agredidos e limpar os resíduos do combate.

Doenças Autoimunes e Estado Inflamatório Cada agressor possui uma porta de entrada no organismo e uma reação inicial específica de defesa, como erupções cutâneas, espirros, febre, inflamação local ou dor. Quando a agressão persiste, mesmo que a pessoa não perceba, o organismo desenvolve um estado inflamatório inespecífico e duradouro. Esse estado inflamatório é considerado a causa subjacente de doenças crônicas não transmissíveis, como infarto, acidente vascular cerebral, diabetes, câncer e depressão. Essas doenças se originam da reação de defesa contra os agressores da vida moderna e tornaram-se epidêmicas em todo o mundo, resultando em doenças, mortes e incapacidades precoces. O mesmo mecanismo de defesa está por trás do desequilíbrio metabólico que pode desencadear condições como fibromialgia, alergias, síndrome do intestino irritável, síndrome dos ovários policísticos, artrite, doença do refluxo gastroesofágico, distúrbios da tireoide, problemas de pele e doenças autoimunes. Essas condições impactam a qualidade de vida e levam as pessoas a procurar tratamento médico continuamente.

Evolução das doenças autoimunes na sociedade

Pesquisas revelaram que as doenças autoimunes aumentaram nos últimos 40 anos e afetam cerca de 15 a 20% da população mundial, o que preocupa a Organização Mundial de Saúde, por que ela está relacionada ao aumento das pessoas com incapacidades, aos problemas na estrutura familiar, à sobrecarga o sistema de saúde por doenças consideradas incuráveis e ao empobrecimento gerado pelo gasto com tratamentos e medicamentos e incapacidade de auto-sustentação.

Os estudos científicos que se dedicam a entender a causas desse aumento de adoecimento e as implicações das alterações inflamatórias sobre o organismo demonstram que as mesmas alterações inflamatórias que acometem os órgãos alvo do ataque autoimune provenientes de proteínas alteradas, acometem os órgãos afetados na construção das doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer e outras doenças também em acelerado crescimento na sociedade.


Esperança e ação para a cura

Que tem atualmente uma deonça autoimune não precisa perder a esperança: em muitos casos a cura é possível.

O que se sabe é que a mudança no estilo de vida e a redução na expposição a fatores agressores presentes na alimentação moderna e no meio ambiente reduz os distúrbios imunológicos e provoca a melhora ou a cura das doenças imunológicas inespecíficas e a redução da gravidade das doenças imunológicas geneticamente determinadas.

Ao longo de minha trajetória em parceria com colegas médicos de outras especialistas tenho tido a satisfação de ver muitas pessoas completamente curadas de processos autoimunes em casos leves ou graves complementando com Homeopatia, a reeducação alimentar, a transmissão de conhecimentos sobre as causas de adoecimento e a conscientização sobre a importância de um estilo de vida saudável. Há esperança de cura!




 
 
 

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